sexta-feira, 18 de abril de 2008

AVANTE! Por uma juventude Socialista e Solidária

Gustavo Felinto

É perceptível a todo e qualquer jovem a precarização das condições materiais de produção e reprodução da vida, em comparação à geração anterior. Se esta (a geração anterior) viveu anos em que o capital amortizava seus conflitos com o trabalho através de políticas de bem estar social (welfare state), as gerações de jovens surgidas principalmente a partir dos anos 90, se depararam com uma fase do capital muito mais violenta e perversa: o Neoliberalismo. Privatizações, abertura comercial desordenada, centralidade do mercado financeiro, flexibilização dos direitos sociais, presença escassa do estado nas políticas sociais, atrelamento aos interesses norte-americanos e às transnacionais, fizeram com que principalmente as ditas economias subdesenvolvidas ou em desenvolvimento chegassem a uma completa desestabilização político, social e econômica.

O desemprego juvenil é um dos mais marcantes resultados da implementação do projeto neoliberal, junto ao processo de precarização das condições de trabalho. O jovem, quando não está desempregado, se submete a péssimas condições de trabalho (longa jornada de trabalho, baixos salários, redução ou inexistência de seguridade social...).

Junto às péssimas condições de trabalho, ao desemprego e a redução da esfera pública em relação à privada, o Neoliberalismo determina em nossa sociedade uma série de valores: competitividade, individualismo, consumismo; todos valores que contribuem à manutenção desta ordem.

Desta forma, a busca por instrumentos que possibilitem a transformação destes valores é central na disputa contra a hegemonia neoliberal. Por isso, a busca por novas formas de organização do processo de trabalho, da produção e do consumo apresentam-se fundamentais a esta disputa.

A Economia Solidária é uma resposta auto-organizada dos trabalhadores e das comunidades pobres diante das transformações ocorridas no mundo do trabalho, representando milhares de organizações coletivas, organizadas sob forma de autogestão e que realizam atividades de produção de bens e de serviços, crédito e finanças solidárias, trocas, comércio e consumo solidário. Nas unidades de produção e comercialização típicas da Economia Solidária, todas as decisões relativas à atividade fim do empreendimento são tomadas coletivamente, num ambiente onde todos têm voz e voto de acordo com as capacitações e disponibilidades de cada um. Nela, não há patrões e empregados. A diferença entre os custos e as receitas é alocada conforme decisão da maioria dos trabalhadores e o conceito de lucro já não está presente. As decisões de compra e venda não são regidas pelas leis do mercado e por vontades individuais, mas sim tendo em vista um amplo conjunto de relações em rede desde o pequeno agricultor familiar até o consumidor nas grandes cidades.

Assim, a Economia Solidária é uma importante porta de acesso à trabalho e à emancipação juvenil. Além dos mecanismos tradicionais de geração de trabalho e renda, a produção cultural e artística organizada nos moldes solidários têm gerado bons frutos a jovens de várias partes do país. Podemos citar como exemplos o pessoal da “Cadeia Produtiva do Skate” no RS e do Centro Cultural Popular Consolação (CCPC) em São Paulo e na atual parceria entre as Lojas Mundo Paralelo e o selo independente Monstro.

A Economia Solidária apresenta-se cada vez mais como importante campo de organização popular, incorporando em seu cotidiano as práticas solidárias, formando cooperativas de produção, redes de consumo consciente e valorizando iniciativas nessa direção. O velho Marx transformou a utopia socialista numa estrutura teórica que inspirou a Revolução Socialista. A Economia Solidária reafirma o Socialismo criticando as experiências passadas ditas “socialistas”, afirmando ações e utopias de solidariedade e fraternidade entre homens e mulheres.

Gustavo Felinto é militante da Juventude do PT de São Paulo e diretor de Economia Solidária da UEE-SP

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