domingo, 16 de março de 2008

Introdução

Atualmente vivemos uma crise de reprodução social, na qual os jovens não têm as mesmas oportunidades ou possibilidades de futuro que seus pais, o que faz com que milhares de jovens sejam condenados à insegurança em relação a suas perspectivas de vida.

O fato é que com o desenvolvimento da sociedade capitalista, o avanço da acumulação do capital gerou uma crise estrutural no mundo de trabalho, que tem sido incapaz de dar condições dignas às pessoas e principalmente de inserir as novas gerações.

É fácil verificar essa situação, já que na sua maioria os salários dos jovens são os mais baixos, precarizados e as oportunidades geralmente são de trabalho informal sem garantia de direitos. Isso quando o jovem consegue entrar no mercado, já que se reproduz o ciclo da inexperiência: as empresas não contratam porque não tem experiência e se não são contratados nunca a terão.

Diante disto, podemos listar aqui quatro aspectos da realidade da juventude brasileira. Isso ajuda a refletir sobre quem a juventude do PT deseja organizar. Será que estamos voltados a organizar a maioria dos jovens e das jovens do nosso país?

Primeiro aspecto: a juventude brasileira é desempregada e, quando consegue um trabalho, ele é precarizado, ou seja, não tem direitos trabalhistas nem proteção social do Estado ou do sindicato (apenas 14% dos jovens estão no mercado formal).

Segundo aspecto: a juventude brasileira é pobre e sua condição de pobreza não permite que ela tenha acesso à educação e à cultura. A maioria (60%), pertence a famílias que vivem com até 1 salário mínimo per capita. Com essa condição, precisam trabalhar para ajudar na renda familiar, o que os impede de freqüentar a escola.

Terceiro aspecto: por ter uma vida precária, com limitações para estudar e acessar bens culturais, está submetida aos valores da cultura de massa, individualista e competitiva.

Quarto aspecto: pelo conjunto dos três aspectos anteriores, a juventude brasileira é clientela fácil da violência, seja para exercê-la, seja na condição de vítima.

Por isso, a juventude é o segmento mais vulnerável às mazelas engendradas pelo capitalismo, foco condensado de tantas contradições e, por conseqüência, demandas.

A partir daí, é possível verificar a centralidade que ganha a juventude no interior da luta de classes. Temos um contingente enorme de jovens vivendo em situação precária e que precisam ser organizados para a luta socialista. O partido deve ter capacidade de assegurar espaço para suas reivindicações. Estas extrapolam as questões pontuais e se inserem no campo da disputa de valores culturais e políticos e somam-se às transformações sociais e econômicas necessárias na disputa de hegemonia que fazemos na sociedade brasileira visando transformá-la estruturalmente.

Nossa bandeira central é combinar políticas de educação e de trabalho que tirem o jovem do ciclo vicioso de entrada precoce e precária no mercado, sem ter a opção de concluir seus estudos. Essa condição contribui hoje para a manutenção da desigualdade social brasileira e foi sustentada por políticas econômicas voltadas a concentração de renda e diminuição do papel do Estado. É um desafio do Governo Lula reverter essa condição, superando, assim o processo de empobrecimento e a falta de perspectiva que atinge significativas parcelas da nossa juventude.

Apesar de entendermos a juventude como um segmento policlassista e com diversidades múltiplas, a opção que a juventude do PT deve fazer é pelo diálogo prioritário com as pautas da juventude da classe trabalhadora brasileira. O Partido dos Trabalhadores deve representar aqueles que dependem não só do seu trabalho e de sua família para sobreviver, como também os que necessitam essencialmente de políticas públicas do Estado para que possam viver de forma digna e desfrutar plenamente dos bens culturais e materiais produzidos pelo conjunto da sociedade.

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